quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Fundo do baú

Ter objetos e móveis antigos pela minha casa, era algo que incomodava. O ar de velhice me transmitia uma sensação de estar vivendo num túnel, do tempo. Um dia comecei a “futricar” nos livros, discos, fotos (que estavam dentro da vitrola empoeirada) e descobri.


Nesta casa tudo é novo, pra mim. São coisas antigas do meu pai, do meu avô. Entre as relíquias encontrei: uma aliança, moedas do séc. XIV, o long-play do Agnaldo Timótio e do Roberto Carlos, o meu disco do Trem da Alegria, uns dos Beatles, Jimmy Hendrix, minhas agendas de adolescente. Foi assim que aquela bagagem caiu na minha cabeça. Eu estava, apenas, à procura de trocados, moeda perdida nas gavetas.


Curiosa e interessada pelas estórias dos meus antepassados, me deparei com alguns traços que desenharam, no meu imaginário, uma trajetória. A casa é bordada de vestígios, que com o passar do tempo, não perderam a sua significação. Nunca pensei em restaurar, pois se o objeto está visível e inteiro não representa o mesmo retrato. A voz do passado. Por falar em passado, indico o filme Quintana: Anjo Poeta. É uma coletânia de documentários sobre a vida e obras do poeta Mário Quintana.


Potira Souto
*Publicado em potirasouto.blogspot.com em 2007.

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